quinta-feira, 16 de junho de 2011

The Screaming Cat

Work. Going home. Gotta work at home.
Change. Going to change. Gotta have change.

And on his way home, when he passed by the shiny black bags of garbage lying on the street waiting for tomorrow's morning garbage men, he heard it.
The Screaming Cat was crying for help.
He lowered his head closer to the bags, and the sound was louder.

Study. Going to read. Gotta study to stop reading.
Run. Going to find. Gotta run before it's too late to find.

The heart pounds faster to each screech. The Screaming Cat needs your help, he thought. Buried under those funky moist bags, which were secreting a clammy viscous liquid, there he was with it.

Believe. Going to structure. Gotta believe in the structure of reality.
Die. Going to buy. Gotta buy enough so I don't die.

Slowly he backed away from the bags, and the weak street light over them started to blink. Beautiful trails of red and yellow were drawn in the darkness as sparks fell to the ground and into the night when the lamp exploded. He coudln't see a thing except the dim light of the lamppost on the next corner, meters away from him.
The Screaming Cat was still emiting a muffled weep, in despair.
He looked at his watch and remembered he still had a thousand things to do.
He walked away, in a hurry, hoping to find a 24 hour ATM.

The Screaming Cat was no more.

*Publicado em inglês porque a história foi assim concebida.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Full Circles, Parte II: Superfície

Stan se afastou um pouco e ficou em frente a tal caixa. Lars, que estava ainda parado além das estantes se apressou até parar ao lado de Stan.
Este não se apercebeu do companheiro e ajoelhou-se ao lado daquele papelão quase podre e sujo que constituía a caixa que escolhera. Sem hesitar enfiou a mão atráves de um pequeno rasgo e arrancou o topo da caixa, a fazendo tombar para o lado e em consequencia espalhar seu conteúdo pelo chão, até os pés de Lars.
Mais poeira; ele disse, talvez para si mesmo. Stan aproximou-se da massa de pó fosco que se esparramava no chão pela abertura do topo tombado da caixa; ela chegava a cobrir um pouco dos sapatos sociais de Lars. Ele enfiou suas mãos nessa pequenina duna, e a remexeu; podendo perceber a diferença nas qualidades desse pó em especial em relação a poeira do ambiente, assentada pelos anos sobre as inumeras superfícies do lugar. A textura era diferente; seus grãos eram mais espessos e um punhado desse pó pesava muito mais do que parecia; era um material denso. Mas a maior de todas as diferenças se dava em apenas alguns poucos graõs, revelados enquanto Stan revirava a poeira; eles brilhavam, a ponto de sua luminosidade fazer diferença na claridade do ambiente. Lars se abaixou no momento que viu estes; conseguindo pinçar alguns deles, abriu um lenço que carregava no bolso interno do paletó e depositou os grãos que pegou em seu centro, o dobrando até o tecido voltar a sua configuração original. A luz ainda escapava por entre as fibras entrelaçadas do tecido.
Stan se perguntava porque era necessário que os grãos entrassem em contato com o ar - ou pelo menos, não estivessem soterrados pelos outros grãos opacos - para que brilhassem de tal forma. Por sua vez também coletou alguns desses brilhantes, que conseguiu achar revirando mais o bolo de poeira, agora quase que totalmente esparramado pelo chão. Colocou-os dentro de um pequeno saco plástico que levava sempre consigo. Então, fechou em seu punho o pequeno receptáculo e passou a socar as caixas a sua volta nas estantes, abrindo largos furos em todas que atingia. Destas jorravam torrentes da mesma poeira encontrada. Brevemente, por entre essas pequenas cascatas, percebia-se os mesmos grãos luminosos, piscando por entre os milhares outros que caíam. Quando Stan cessou seus ataques, o chão a volta dos dois estava quase que inteiramente coberto de poeira. Vários dos grãos que acharam antes agora resplandeciam na superfície dessa massa; tendo, por obra do acaso, ficado por cima dos não luminosos, embora ainda fossem de uma quantidade diminuta em relação aos outros.
Lars levantou cada um de seus pés, os chacoalhando para tirar a poeira que os cobria. Nesse momento, pôde perceber que perto de um dos pés da estante o pó afundava, como se estivesse em uma ampulheta, escoando por uma minúscula fenda no chão. Ele tentou comentar sobre esse fato.
Stan viu o fio de borracha que pendurava uma das lâmpadas e lhe trazia eletricidade envolver o pescoço de Lars e o levantar do chão, tentando sufocá-lo. Lars não teve tempo de reagir, não podendo fazer mais do que arranhar e rasgar sua própria pele tentando enfiar os dedos de suas mãos entre a borracha e seu pescoço; já vermelho e estriado pelas veias que saltavam conforme o fio se enrolava e o apertava mais e mais. Stan mal teve tempo de raciocinar e correr dos váriois fios que se esticavam em sua direção conforme passava por debaixo deles, correndo de volta até os interruptores. Chegando até estes, os apertou no sentido contrário ao que tinha feito quando entrou nesse estranho lugar. Nenhum fio o alcançou. Apenas ouviu o baque do corpo de Lars no chão e alguns instantes depois seu tossir descontrolado. Ele não podia enxergar mais nada.
Uma terceira presença se fez presente, com sua voz ecoando por entre as estantes.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Full Circles, Parte I: Prólogo

E alguns segundos após seu dedo pressionar o delicado interruptor, já completamente coberto de poeira pela passagem do tempo que também deixou seu plástico constituinte fino e quebradiço; pelo galpão todo várias lâmpadas de luz amarela quente começaram a piscar, como se estivessem vagarosamente acordando de sono profundo, agora novamente chamadas a ajudar seus mestres, porém já sem mais ter o ímpeto juvenil de antes. Stan Milestone e Lars Oppusheimer entraram de forma cautelosa no gigantesco galpão, que na verdade estava mais para um hangar. Eles não conseguiriam ver a parede do fundo se quisessem, pois o espaço voltava a ser engolfado pela escuridão não mais do que uns 20 metros a frente. Provavelmente, porém, percorrida essa distância haveriam mais interruptores para eles pressionarem e acenderem mais lâmpadas, estas terminando por trazer mais claridade e segurança a esse ambiente tão ameaçador. Ou não.
Mas Lars e Stan não pretendiam explorar tão profundamente essa tenebrosa caverna que adentraram. Pelo menos, não ainda. E de qualquer forma, não se preocupavam com isso no momento, visto todo o trabalho que havia por ser feito. Pois bem, até agora não foram descritas as altas estantes que se levantavam a poucos passos deles; razão de ser da estrutura que as envolve. Elas se estendiam no infinito da negridão a frente deles, e nesse caso, acima deles também, pois as lampâdas que as fracamente iluminavam, penduradas por longos cabos em fileira pelos corredores que se formavam entre tais estantes, só tinham forças para alcançar determinadas alturas destas - eram mais altas do que eles poderiam imaginar. Como fariam para enxergar mais acima do que os raios de luz lhes permitiam ainda era uma incógnita. E tanto a esquerda quanto a direita deles, se colocavam paralelas umas as outras, inúmeras outras dessas estantes, aparentemente iguais - vários e vários níveis de prateleiras espaçadas igualmente e tomadas por caixas de papelão roto dos mais variados tamanhos; empilhadas de forma a não desperdiçar quase nenhum espaço - embora não se pudesse ter certeza pois apenas algumas semelhantes fileiras de lâmpadas por outros corredores próximos foram acesas por este interruptor que apertaram. Essa ausência de luz tanto no fundo, quanto nas paredes laterais do lugar - embora neste último caso a percepção do fato só se tenha dado enquanto o próprio era descrito - realmente perturbava eles. Especialmente Stan.
Sendo assim, não seria fácil verificar o conteúdo de tantas caixas até achar o que procuravam; supondo que levaria tempo para que isso acontecesse. Stan foi o primeiro a dar um passo a frente, andando a distância mínima necessária para estar entre as duas estantes a frente deles. Delicadamente, ele forçou a ponta dos seus dedos por baixo de uma das caixas de tamanho mediano na prateleira à altura de sua cintura, sentindo que o conteúdo tornava o o invólucro mais pesado que seu tamanho poderia sugerir. O topo da tal caixa não estava a mais do que alguns centímetros de tocar a prateleira de cima. Stan enfiou seu outro braço, com dificuldade, nessa fenda, até a lateral de seu corpo tocar de leve o papelão; ele tossia com o pó que se desprendia facilmente deste em consequencia desse movimento. Com a ponta dos outros dedos agarrando a superfície traseira da caixa, ele deu um puxão que conseguiu desprendê-la das outras caixas a volta. Mais um puxão, contínuo dessa vez; e ela deslizou até que apenas o corpo de Stan fosse o que a sustentava no ar. Ele a colocou no chão, cuidadosamente, mas mesmo assim sem deixar de levantar uma pequinina nuvem de poeira.
Ele se perguntava se o acaso lhe presentearia com a fortuna de achar o que tanto procurara até aquele momento.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Luz

Você provavelmente nunca esteve na escuridão absoluta. A escuridão absoluta está sempre elegantemente atrasada para sua percepção sensorial do mundo, há um lapso de tempo até você perceber que se encontra no não-ser.

A escuridão absoluta tem personalidade. É espessa, e parece sempre sorrir com o canto da boca, quando você não está olhando. Teus olhos, confusos, criam uma profusão de lágrimas, relevando a ausência da tristeza. Tornam-se niilistas, acho que cansam da vida, sabe.



A escuridão absoluta te conhece, e se tivesse voz, seria de veludo. Ela não conhece o tempo, nunca foram formalmente apresentados. "Quem sabe um dia" diria a escuridão.

O não-ser te alcança eventualmente, te consome. Você o inspira e expira.

E quando vê, dissipa-se.

terça-feira, 17 de maio de 2011

O Porteiro Voador I

Humberto, 56 anos, fita seu café (já frio e com uma aparência desagradável) e suspira, fazendo um retrospecto do seu maçante dia-a-dia.

Seu olhar muda de direção, e o objeto a ser fitado agora é o pequeno monitor da câmera 3, cujo foco se dá sobre dona Clotilde, 81 anos, que aguarda no elevador secando suas grossas e rugosas mãos com um pano velho. Qual seria a história? Humberto aprumou-se na cadeira (cansada de aguentar aquele velho gordo) e flutuou na (in)consciência.

Rabiscou nervosamente em um bloco de notas que se encontrava ao seu lado por motivos misteriosos. "Dona Clotilde, 81 anos. Molestada pelo violento pai desde criança, desenvolveu uma sede de violência incomum a seres humanos ordinários. Nesta noite fria de quinta feira, enxuga as mãos não totalmente livres dos resquícios mortais de uma doce e pueril jovem donzela de 17 anos. Dona Clotilde sorri e respira fundo, contenta com o dia produtivo."

Seriam fragmentos da vida, suficientes para medir o peso dela? Sim. Pensou Humberto, bebericando seu desagradável café.

Fluxo

O espantalho vivia num mundo muito diferente deste, sem dúvidas. Não havia pessoas, construções, animais, ou florestas. Apenas uma gigantesca superfície coberta por um gramado, uma grande casa de madeira, e o sol, com uma face um tanto quanto cartunesca.

Os 'dias' no mundo do espantalho se arrastavam, e só terminavam quando o sol se cansava de proferir impropérios e de ressaltar como a vida é triste. O espantalho achava divertido observar o sol, e se via como um ser com mais elegância e esclarecimento, se comparado àquele ser tão ignóbil.

Mas toda existência está sujeita ao imprevisível, e o imprevisível, como uma matilha de lobos, fez daquele mundo sua presa.
O espantalho mal podia enxergar. O que havia acontecido com o sol? Olhou para o alto, e viu, pela primeira vez, o sol de olhos fechados. O espantalho tentou compreender o motivo, mas simplesmente não fazia sentido! Decidiu culpar a melancolia sem fundamentos.

Mas e agora, como se passariam os dias? O que fazer para não enlouquecer, se o tempo era fluido? A sanidade de que o espantalho se orgulhava sem dúvidas desapareceria.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Nem é jabá

Eu e o Dal Molin somos alunos do 2º Semestre de Cinema na FAAP. Assistam os curtas que eu e ele fizemos juntos (ou não) e comentem algo (ou não):