sábado, 16 de abril de 2011

Late Night Thoughts

Ele estava sentado, em uma cadeira de alguma espécie de madeira que não sabia identificar, embora devese saber, devido a fatos da sua infância que não valem a pena citar aqui, mas também não ligava para isso já que ela estava quase a se desmontar; efeito do passar dos anos naquele apartamento que já havia servido de moradia temporária para inúmeras pessoas. Cercado por concreto pelos vários prédios que lhe tapavam a vista da janela de sua modesta sala, ele atravessava o dia de hoje sentado em frente a seu computador, passando o tempo a ler qualquer coisa que lhe parecesse vagamente interessante. Sair era uma opção, enquanto não anoitecesse, mas de qualquer forma, essa idéia não lhe animava. Ele na verdade, esperava. Pelo que esperava nem ele saberia dizer com certeza, porém. Só esperava; os segundos e os minutos indo embora e se perdendo enquanto inúmeras imagens diferentes projetadas pela tela do monitor eram refletidas por seus olhos, brilhando no escuro. Um barulho familiar despertou seus pensamentos do vazio. Se aproximando da janela viu estampada na parede do prédio vizinho as silhuetas das sombras criadas pela luz vinda do apartamento acima. Alguém jantava, e o agudo som do metal arranhando os pratos lhe lembrou de que não tinha comido nada desde manhã. Também percebeu que a noite havia chego. Acendeu as lâmpadas, que com suas luzes brancas davam um tom mórbido a sala de paredes verde-claro, ou só verde... Diferenciar cores também não era um de seus fortes. Ele comeu algo e voltou a se sentar.

De repente, não muito depois, ouviu passos no corredor. Ele se levantou rapidamente e se aproximou da porta, tentando escutar melhor. O som ficou mais alto. Ele já estava com a chave na fechadura. A ansiedade tomava conta de seu corpo. Talvez toda a confusão que lhe embaralhava os pensamentos e doía por dentro, as vezes até fisicamente, iria passar. Ele suava, e a inquietação se mostrava em todos os seus membros. Os passos estavam quase a frente da entrada de seu apartamento agora.

E em seguida se afastaram. Ele colou o ouvido na porta com toda a força. Já começava a destrancar a trava para sair, mas o som que veio em seguida, da porta do apartamento vizinho se abrindo, tornou isso desnecessário. Desesperançado, olhou o relógio; eram quase 10 horas da noite. Já estava tarde, não haviam mais chances. Foi dormir. Ela não viria hoje.

Mas quem sabe amanhã.

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