sexta-feira, 20 de maio de 2011

Full Circles, Parte I: Prólogo

E alguns segundos após seu dedo pressionar o delicado interruptor, já completamente coberto de poeira pela passagem do tempo que também deixou seu plástico constituinte fino e quebradiço; pelo galpão todo várias lâmpadas de luz amarela quente começaram a piscar, como se estivessem vagarosamente acordando de sono profundo, agora novamente chamadas a ajudar seus mestres, porém já sem mais ter o ímpeto juvenil de antes. Stan Milestone e Lars Oppusheimer entraram de forma cautelosa no gigantesco galpão, que na verdade estava mais para um hangar. Eles não conseguiriam ver a parede do fundo se quisessem, pois o espaço voltava a ser engolfado pela escuridão não mais do que uns 20 metros a frente. Provavelmente, porém, percorrida essa distância haveriam mais interruptores para eles pressionarem e acenderem mais lâmpadas, estas terminando por trazer mais claridade e segurança a esse ambiente tão ameaçador. Ou não.
Mas Lars e Stan não pretendiam explorar tão profundamente essa tenebrosa caverna que adentraram. Pelo menos, não ainda. E de qualquer forma, não se preocupavam com isso no momento, visto todo o trabalho que havia por ser feito. Pois bem, até agora não foram descritas as altas estantes que se levantavam a poucos passos deles; razão de ser da estrutura que as envolve. Elas se estendiam no infinito da negridão a frente deles, e nesse caso, acima deles também, pois as lampâdas que as fracamente iluminavam, penduradas por longos cabos em fileira pelos corredores que se formavam entre tais estantes, só tinham forças para alcançar determinadas alturas destas - eram mais altas do que eles poderiam imaginar. Como fariam para enxergar mais acima do que os raios de luz lhes permitiam ainda era uma incógnita. E tanto a esquerda quanto a direita deles, se colocavam paralelas umas as outras, inúmeras outras dessas estantes, aparentemente iguais - vários e vários níveis de prateleiras espaçadas igualmente e tomadas por caixas de papelão roto dos mais variados tamanhos; empilhadas de forma a não desperdiçar quase nenhum espaço - embora não se pudesse ter certeza pois apenas algumas semelhantes fileiras de lâmpadas por outros corredores próximos foram acesas por este interruptor que apertaram. Essa ausência de luz tanto no fundo, quanto nas paredes laterais do lugar - embora neste último caso a percepção do fato só se tenha dado enquanto o próprio era descrito - realmente perturbava eles. Especialmente Stan.
Sendo assim, não seria fácil verificar o conteúdo de tantas caixas até achar o que procuravam; supondo que levaria tempo para que isso acontecesse. Stan foi o primeiro a dar um passo a frente, andando a distância mínima necessária para estar entre as duas estantes a frente deles. Delicadamente, ele forçou a ponta dos seus dedos por baixo de uma das caixas de tamanho mediano na prateleira à altura de sua cintura, sentindo que o conteúdo tornava o o invólucro mais pesado que seu tamanho poderia sugerir. O topo da tal caixa não estava a mais do que alguns centímetros de tocar a prateleira de cima. Stan enfiou seu outro braço, com dificuldade, nessa fenda, até a lateral de seu corpo tocar de leve o papelão; ele tossia com o pó que se desprendia facilmente deste em consequencia desse movimento. Com a ponta dos outros dedos agarrando a superfície traseira da caixa, ele deu um puxão que conseguiu desprendê-la das outras caixas a volta. Mais um puxão, contínuo dessa vez; e ela deslizou até que apenas o corpo de Stan fosse o que a sustentava no ar. Ele a colocou no chão, cuidadosamente, mas mesmo assim sem deixar de levantar uma pequinina nuvem de poeira.
Ele se perguntava se o acaso lhe presentearia com a fortuna de achar o que tanto procurara até aquele momento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário